Geração Z e a Inteligencia Artificial


Geração Z: ansiosa com a IA, órfã da escola
A Geração Z já entendeu que a inteligência artificial vai mudar tudo — menos a escola.
Pesquisas recentes revelam que quase metade dos jovens teme que a IA prejudique sua criatividade ou acabe com seus empregos. E não é à toa. Eles são a primeira geração a crescer conectada — e a primeira a sentir que pode ser superada por máquinas que aprendem, escrevem, desenham, programam e respondem em segundos.
Mas o dado mais alarmante não é o medo. É o vazio formativo: menos de 15% dos jovens aprendem sobre IA com professores ou em espaços escolares. A maioria recorre ao TikTok, YouTube ou redes sociais.
Estamos deixando nossos jovens sozinhos para enfrentar o maior salto tecnológico do século.
O abismo entre o medo e a formação
Um estudo da EY mostra que:
43% dos jovens temem que a IA comprometa sua capacidade de criar;
43% também temem que ela elimine seus empregos;
39% se preocupam com a propagação de fake news e desinformação;
E, ainda assim, mais da metade já usa IA regularmente em tarefas pessoais e profissionais.
Outro levantamento, do Estadão, mostra que 62% da Geração Z acredita que poderá ser substituída pela IA nos próximos 10 anos, enquanto apenas 6% dos executivos compartilham essa visão. Um contraste geracional que escancara um sentimento: os jovens estão inseguros — e os líderes, despreparados para acolher essa insegurança.
A escola continua ensinando como se a IA não existisse
A educação formal segue exigindo respostas padronizadas enquanto o mundo exige pensamento original, ético, criativo e sistêmico.
Estamos educando jovens para um mundo linear — e eles viverão em realidades não-lineares.
O medo de ser substituído não vem da IA, mas da falta de repertório para lidar com ela.
Quando a escola não ensina, o TikTok ensina. Quando o professor silencia, o algoritmo assume o papel. O risco? Uma juventude formada por fragmentos virais, sem profundidade nem ética.
O que os jovens estão dizendo — e precisamos ouvir
Eles não querem ser superados pela IA, mas também não sabem como trabalhar com ela.
Eles usam a IA por precaução, mas temem que ela roube o que têm de mais humano: a criatividade.
Eles aceitariam chefes robôs se isso significasse mais justiça e menos autoritarismo. Esse dado não é sobre tecnologia — é sobre relações de poder.
Frases para refletir
“A Geração Z não teme a IA. Ela teme não estar pronta para ela.”
“Se não ensinarmos a usar, a ansiedade ensinará a temer.”
“A escola que ignora a IA está formando órfãos do futuro.”
O que fazer agora?
Colocar IA no currículo — como ferramenta e como tema de debate ético.
Ensinar a fazer perguntas, não apenas responder.
Criar espaços de experimentação, onde errar seja permitido e explorar seja incentivado.
Formar educadores que saibam guiar, provocar e acompanhar — não apenas transmitir.
Conclusão
A Geração Z está dizendo que precisa de ajuda. Não com mais conteúdo, mas com sentido. Não com mais apostilas, mas com diálogo, contexto e confiança.
Cabe a nós, educadores, devolver à juventude aquilo que ela teme perder: sua capacidade de imaginar, criar, transformar.
E mostrar que, com a IA como aliada, ela pode ser ainda mais humana.
Marcos Breder, Ph.D.
Professor, pesquisador e mentor de futuros possíveis. Atua há mais de 20 anos com jovens no ensino médio, graduação e pós-graduação, com foco em design, comportamento e inovação na era da inteligência artificial.